A Sociedade Ponto Verde (SPV) acaba de lançar o primeiro guia técnico português dedicado exclusivamente aos bioplásticos aplicados às embalagens. Intitulada ‘Os bioplásticos - considerações e impacto na cadeia de valor das embalagens’, a publicação assume-se como um marco para as indústrias alimentar e dos plásticos, oferecendo uma síntese rigorosa do conhecimento científico e operacional disponível sobre estes materiais.
A iniciativa procura responder a uma necessidade crescente do mercado: a de compreender, com precisão técnica, o que são afinal os bioplásticos, como se comportam ao longo do seu ciclo de vida e quais os impactos que geram na cadeia de valor, desde a conceção à reciclagem.
Clarificar um conceito ainda nebuloso
A definição de bioplástico continua a gerar confusão - tanto entre consumidores como entre profissionais. O termo pode referir-se à origem da matéria-prima (biológica ou de fontes renováveis), à compostabilidade ou à biodegradabilidade, mas nem sempre estas características coincidem. É precisamente por essa complexidade que o novo guia da SPV estabelece uma distinção clara entre estas categorias, explicando de forma acessível as implicações de cada tipologia no desenvolvimento de embalagens e na sua gestão no fim de vida.
A CEO da SPV, Ana Trigo Morais, sublinha que “a tomada de decisões tem de ser cada vez mais informada e consciente”, razão pela qual a SPV tem vindo a disponibilizar ferramentas e conhecimento técnico que orientem o mercado para soluções mais sustentáveis e eficazes. “Este guia contribui para que o mercado disponha, progressivamente, de embalagens mais sustentáveis, que usem menos matérias-primas virgens e sejam mais fáceis de reciclar”, acrescenta.
Crescimento global acelerado reforça urgência de orientação técnica
Apesar do mediatismo que envolve os bioplásticos, estes representam ainda apenas 0,5% dos plásticos colocados no mercado global. Porém, os números estão a crescer rapidamente: a produção mundial deverá passar dos atuais 2,47 milhões de toneladas (2024) para 5,73 milhões de toneladas em 2029.
O avanço destes materiais levanta desafios relevantes, desde a compatibilidade com os sistemas de recolha e triagem até ao impacto real na redução da poluição e da perda de biodiversidade. A SPV alerta que a adoção dos bioplásticos não pode agravar problemas ambientais. Deve, pelo contrário, ser acompanhada por critérios sólidos de sustentabilidade e enquadrada numa lógica de economia circular.
Uma ferramenta estratégica para toda a cadeia de valor
O novo guia foi desenhado para ser útil a todos os intervenientes do setor: produtores de embalagens e bens alimentares, transformadores de plástico, recicladores, distribuidores, investigadores e até consumidores mais informados.
O documento aborda temas como:
• Princípios de ecodesign aplicados a embalagens com bioplásticos;
• compatibilidade com os sistemas de reciclagem atuais;
• rotulagem e alegações ambientais corretas;
• aplicações adequadas e limitações destes materiais;
• impactos no fluxo de resíduos urbanos.
A publicação integra também recomendações práticas que ajudam as empresas a evitar erros comuns no mercado, sobretudo no que toca a mensagens ambientais imprecisas ou à introdução de materiais cuja triagem pode comprometer os sistemas de reciclagem existentes.
SPV reforça papel de acelerador da inovação
Para Ana Trigo Morais, a indústria vive “um momento crucial que está a alterar a forma como os plásticos são produzidos, utilizados e geridos no seu fim de vida”. Por isso, a SPV considera essencial continuar a disponibilizar serviços e ferramentas que favoreçam a inovação e estimulem uma maior participação dos cidadãos no processo de reciclagem.
O lançamento do guia coincide com a Semana Europeia de Prevenção de Resíduos, reforçando a importância da prevenção, do ecodesign e da circularidade no setor das embalagens.
O documento está disponível no Ponto Verde Lab, a plataforma de conhecimento da SPV que reúne boas práticas, publicações e ferramentas como o Pack4Recycling e o Pack4Sustain, desenvolvidas para ajudar empresas a conceber embalagens mais sustentáveis e a melhorar o desempenho ambiental dos seus produtos.
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