Em contagem decrescente para um modelo 100% sustentável
Mais de 250 profissionais reuniram-se na Feria de Valência (Espanha) para o VII Congresso de Packaging e Economia Circular, organizado pelo Cluster de Inovação da Embalagem. O encontro reuniu representantes de empresas, organizações, investigadores e especialistas do setor para analisar os desafios colocados pela nova regulamentação europeia em matéria de embalagens e resíduos, que entrará em vigor a 12 de agosto de 2026, e para debater a forma de avançar para um modelo industrial mais sustentável, competitivo e circular.
O congresso, consolidado como um dos principais fóruns do setor, contou com o apoio da Litotúria Packaging, Aimplas, DS Smith, Grabalfa, Grupo La Plana, Innotech - Grupo Lantero, Implica, Envalora e Procircular.
Circularidade como obrigação empresarial
Durante a abertura, Amaya Fernández, presidente do Cluster, sublinhou que “a circularidade já não é uma opção, mas sim uma obrigação que definirá o futuro das nossas empresas e da sociedade”. Fernández lembrou que a implementação do novo Regulamento Europeu sobre Embalagens e Resíduos (PPWR) implicará uma mudança normativa e estrutural para o setor, e destacou o trabalho do Cluster como plataforma de acompanhamento e conexão entre os atores da cadeia de valor.
Por seu lado, Felipe Carrasco, secretário regional da Indústria, Comércio e Consumo, valorizou o dinamismo do tecido industrial valenciano para se adaptar e inovar, embora tenha insistido na necessidade de colaboração: “Esta transição não pode ser enfrentada sozinha; a partir do Consell, impulsionamos uma política de clusters que reforça a competitividade, a sustentabilidade e a cooperação empresarial”.
Inovação, reciclagem e tecnologia: os pilares da mudança
O dia começou com a palestra de Miguel Borràs, CEO e fundador da Antara, que refletiu sobre os riscos de uma inovação guiada exclusivamente pela inteligência artificial generativa. Na sua intervenção, intitulada ‘O ano em que inovamos perigosamente’, alertou para as limitações desta tecnologia e defendeu o papel do critério humano nos processos de inovação.
Posteriormente, foram realizadas quatro mesas de debate que abordaram os aspetos técnicos, legislativos e tecnológicos da transição para a economia circular.
A primeira mesa, moderada por María Belén García, diretora da Packnet, analisou o novo quadro regulatório. Os palestrantes concordaram com a necessidade de mais formação e clareza em relação ao PPWR e defenderam uma regulamentação equilibrada que favoreça a coordenação entre os sistemas coletivos de responsabilidade alargada do produtor (SCRAP).
A segunda mesa, centrada na reciclagem, contou com representantes da Anarpla, Grupo Lantero, UBE e Lecta, moderados por Teresa Martínez (Sintac). Os especialistas salientaram que, embora a Espanha disponha de uma elevada capacidade de reciclagem, a falta de incentivos e o impacto limitado do imposto sobre o plástico retardam a adoção real de materiais reciclados.
Na terceira mesa, dedicada às tecnologias dinamizadoras, participaram especialistas da Itene, Aimplas, Ainia e Gaiker, moderados por Alex Brossa (Packaging Cluster). Foram apresentados avanços em materiais sustentáveis, reciclagem de bioplásticos, separação de tintas e digitalização de embalagens, destacando a necessidade de colaboração transversal para alcançar soluções funcionais e viáveis.
A última mesa, moderada por Andrés Gil (Feria Valencia), reuniu representantes da Fripozo, bonÀrea, Sigma (Campofrío) e Helados Estiu, que partilharam experiências práticas sobre a redução de materiais, o desenvolvimento de embalagens monomateriais e a integração de materiais reciclados na indústria alimentar. Eles concordaram com a importância de equilibrar sustentabilidade, custos e conformidade regulatória em um ambiente em constante evolução.
Colaboração e compromisso setorial
No encerramento, Jesús Pérez, diretor do Cluster, destacou que “o sucesso desta edição demonstra que o setor está preparado para enfrentar as mudanças com ambição e, acima de tudo, com colaboração”. Ressaltou ainda a necessidade de manter espaços de diálogo que fortaleçam o ecossistema inovador e sustentável das embalagens.
O VII Congresso de Embalagem e Economia Circular encerrou assim uma edição marcada pelo debate, pela cooperação e pelo compromisso do setor com a transformação para uma economia totalmente sustentável.
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