O projeto Varbiopac, liderado pela Universitat Politècnica de València, transforma resíduos como a palha de arroz, restos de orchata ou bagaço de vinho em materiais biodegradáveis com propriedades antimicrobianas e antioxidantes. Uma solução inovadora que impulsiona a economia circular no setor agroalimentar e responde à crescente procura de embalagens sustentáveis e eficientes.
O projeto criou embalagens a partir de palha de arroz, engaço e bagaço de uva e resíduos da produção de orchata.
As sobras do processo de vinificação, os restos de pinhão após a preparação da orchata e outros resíduos de difícil reciclagem, como a palha de arroz, têm uma segunda vida através da transformação em materiais biodegradáveis: de resíduos de difícil gestão a uma oportunidade para uma indústria como a agroalimentar, que necessita cada vez mais de embalagens mais sustentáveis e menos poluentes, bem como um impulso para a economia circular e a valorização de subprodutos agrícolas.
É o que pretende o projeto Varbiopac (Valorização de resíduos agroalimentares para a obtenção de materiais biodegradáveis para embalagens alimentares ativas), desenvolvido por investigadores da Universitat Politècnica de València (UPV). Foram desenvolvidas embalagens que possuem também propriedades antimicrobianas e antioxidantes capazes de melhorar a conservação dos alimentos e, consequentemente, reduzir o desperdício alimentar.
“A sustentabilidade já não é uma opção, é uma necessidade. As autoridades e os consumidores exigem soluções mais responsáveis do ponto de vista ambiental e a indústria responde com o desenvolvimento de embalagens mais sustentáveis“, explica Amparo Chiralt, responsável pelo projeto e professora da UPV, que sublinha que a sustentabilidade também tem um impacto económico porque ”minimiza os custos associados aos impostos e taxas sobre a utilização de plásticos convencionais”.
Chiralt salienta ainda que a valorização dos resíduos agroalimentares representa uma oportunidade económica significativa ao convertê-los em novos produtos comerciais. “Em vez de gerir resíduos difíceis e dispendiosos, as empresas podem gerar lucros adicionais e melhorar a sua competitividade”, afirma Chiralt.
O projeto Varbiopac obteve biopolímeros como o amido ou o PHBV a partir de resíduos de orchata ou palha de arroz, entre outros resíduos locais, bem como extratos ricos em compostos fenólicos com propriedades antimicrobianas e antioxidantes. Desenvolveu também sete tipos de películas ativas para embalagens alimentares utilizando extratos e materiais de reforço obtidos a partir de diferentes resíduos agroalimentares.
Para obter os extratos a equipa de investigação da UPV utilizou técnicas amigas do ambiente, como a extração com água subcrítica, um processo que utiliza a água a alta temperatura e pressão para atuar como um solvente eficaz sem recorrer a compostos químicos poluentes.
O projeto tem uma aplicação direta na embalagem de alimentos, tendo sido efetuados testes com azeite, carne de porco e salmão. Estes materiais têm um grande potencial para o acondicionamento de alimentos perecíveis e também de produtos cosméticos.
O projeto Varbiopac recebeu financiamento do programa Prometeo da Generalitat Valenciana para grupos de investigação de excelência e tem vindo a trabalhar neste objetivo desde 2022.
ialimentar.pt
iAlimentar - Informação profissional para a indústria alimentar portuguesa