Informação profissional para a indústria alimentar portuguesa

A verdadeira revolução industrial na indústria alimentar ainda está por ser anunciada

Paulo Gaspar, CEO da BRAINR08/05/2025
Chamam-lhe a nova revolução industrial. Dizem que a inteligência artificial (IA) está a transformar fábricas, processos e modelos de negócio. E estão certos — mas, acredito, só em parte.
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Em 2024, o jornalista Robert Marr, da Forbes, escreveu um artigo muito interessante com o título: ‘IA: fantasia exagerada ou realmente a próxima revolução industrial?’. O artigo explora de forma crítica o lado hype da inteligência artificial e o que esta pode vir a desbloquear em termos de evolução tecnológica. Sumariamente, se a IA é resultado de evolução tecnológica contínua ou se é verdadeiramente algo disruptivo.

Ao longo da minha carreira como executivo na indústria alimentar, a tecnologia sempre foi mais do que uma simples ferramenta — foi uma paixão. Sempre acreditei no enorme potencial da tecnologia para transformar positivamente o setor. Quando a inteligência artificial começou a dar os primeiros sinais do seu poder, percebi que algo verdadeiramente revolucionário estava a surgir. Foi em parte essa visão prática, quase obstinada, de aplicar inteligência digital ao mundo físico, que me levou, em 2019, a dar os primeiros passos num projeto que, em 2023, culminou na fundação da BRAINR.

Mais do que uma empresa de software de gestão de operações para a indústria alimentar, a BRAINR é a materialização de uma ideia ousada: criar um cérebro digital capaz de orquestrar, de forma autónoma, cada processo, cada máquina, cada decisão dentro de uma fábrica. Uma inteligência que não apenas observa, mas que compreende, antecipa e age. Esta é a visão que me inspira todos os dias!

No entanto, ela ainda não é possível de ser alcançada. Nem mesmo com a IA mais avançada do mundo. Porquê? Porque as fábricas são físicas. Os produtos alimentares são físicos. A IA não é. Ainda há um grande gap entre o que a IA consegue fazer e o que pode ser trazido para as fábricas de todo o mundo. E, apenas e só quando este gap tecnológico estiver preenchido, é que sentiremos uma verdadeira revolução industrial, em escala. Uma que ainda não foi verdadeiramente anunciada.

O hardware está quase lá. Mas o software… ainda não

Empresas como a Boston Dynamics e outras já estão a trabalhar em robôs móveis em ambientes industriais com agilidade quase humana. A Figure AI já tem humanoides a aprender tarefas observando-as, como um colaborador em formação. Sistemas de logística interna autónoma — da Ocado, da Amazon Robotics, da ABB — estão a redesenhar o chão de fábrica em tempo real.

No entanto, falta algo ainda mais importante: uma camada inteligente, orquestradora, flexível, que compreenda o contexto e os dados, e saiba tomar decisões de forma autónoma e confiável. É isso que a BRAINR está a construir — o cérebro das fábricas do futuro.

A origem e o ‘porquê de tudo

A história da BRAINR começa em 2019 com uma missão clara: transformar o setor alimentar. Identificámos uma oportunidade para criar algo verdadeiramente inovador — um sistema de gestão de operações de fábrica (MES e MOM) totalmente cloud-native, concebido de raiz para responder às exigências únicas da indústria alimentar.

O mercado já estava saturado de soluções antigas e ineficazes, incapazes de lidar com a complexidade das operações diárias de fábricas modernas. Faltava a flexibilidade que a cloud traz. Faltava a experiência de utilização fácil e intuitiva que as aplicações web e mobile proporcionam. Faltava a inteligência que a IA pode incorporar nos processos. E, acima de tudo, faltava uma visão de futuro — uma que inspirasse confiança, vontade de evoluir continuamente com a indústria.

Hoje, a BRAINR já gere mais de 25% da produção de carne em Portugal e estamos apenas a começar. Temos acesso a uma quantidade imensa de dados operacionais que nos permite não só otimizar os processos de produção, mas abrir caminho para os modelos de inteligência artificial específicos para a indústria alimentar que estamos a desenvolver. Aqueles que irão efetivamente permitir aos produtores produtividades 3-4x superiores.

A inteligência artificial no coração da mudança

A BRAINR está a redefinir o futuro da indústria alimentar com a criação de um cérebro digital revolucionário, baseado em inteligência artificial avançada. Este sistema inteligente vai otimizar todos os processos de produção em tempo real, não apenas respondendo a pedidos, mas também guiando proativamente os operadores e executando tarefas de forma autónoma. A visão é criar fábricas completamente autónomas, onde a IA assume o controlo, elevando a eficiência operacional a níveis nunca vistos.

Este cérebro digital será mais do que uma simples ferramenta de automação. Ele funcionará como um assistente virtual que responde em linguagem natural, seja por voz ou texto, e orienta os operadores em cada etapa do processo. Além disso, irá coordenar máquinas e robôs, monitorizando o ambiente fabril para antecipar problemas e fornecer soluções em tempo real, tornando-se uma parte essencial de cada operação.

Integrando visão computacional e análise de dados, a IA será capaz de prever problemas antes que surjam, oferecendo uma abordagem proativa à gestão de processos. O objetivo é não só otimizar a produção, mas transformar a experiência de trabalho, tornando-a mais fluida e personalizada para cada operador. A transformação vai além da produção, estendendo-se à interface de utilizador, como pistolas de picking e tablets. A IA irá guiar os operadores de forma intuitiva, tornando cada tarefa mais eficiente e garantindo uma experiência de trabalho otimizada.

Com este avanço, a BRAINR não criará apenas fábricas mais eficientes, mas fábricas inteligentes, interconectadas e autónomas, elevando a indústria alimentar a um novo patamar de inovação. E este é apenas o começo.

O futuro será autónomo e a BRAINR o cérebro digital da indústria alimentar

O futuro das fábricas inteligentes não passa apenas por máquinas a executar tarefas. Trata-se de uma rede de sistemas autónomos, capazes de tomar decisões, otimizar processos e adaptar-se rapidamente a novos desafios. E esse futuro exigirá uma plataforma inteligente que consiga orquestrar todos esses sistemas de forma harmoniosa e eficiente.

Na BRAINR, estamos a desenvolver precisamente essa plataforma — uma camada de software inteligente que não só gere dados e operações, como integra com todos os equipamentos de produção (ex.: Marel, Bizerba), sistemas de logística autónoma (ex.: Ocado, Amazon Robotics) e até com robôs humanoides (ex.: o Optimus da Tesla ou o Digit da Agility Robotics). A inteligência artificial será o motor desta transformação, permitindo que máquinas e operadores colaborem de forma mais inteligente e eficiente do que nunca.

A verdadeira revolução industrial não está nas máquinas a executar, mas sim nas máquinas a decidir, a evoluir e a operar com autonomia e inteligência real. Sabemos que ainda estamos no início da jornada, mas já demos passos significativos para tornar esta visão uma realidade. E agora, já não nos questionamos se vamos conseguir, apenas quando vamos lá chegar.

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