Domino
14/01/2024Em outubro de 2018, a Fundação Ellen MacArthur e o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente lançaram o Compromisso Global por uma Nova Economia do Plástico no sentido de criar uma economia circular do plástico. Desde essa data, mais de 500 signatários aderiram e muitas das grandes marcas mundiais comprometeram-se a aumentar drasticamente a sua utilização de plástico reciclado pós-consumo (PCR), reduzindo em simultâneo a utilização de plástico virgem até 2025.
Cada compromisso para a utilização de plástico PCR varia entre 20% e 100%, com um objetivo agregado de 26%. Os compromissos são louváveis e muitas marcas deram já passos significativos na direção certa, todavia, continua a existir um problema: não há plástico reciclado suficiente para satisfazer esta procura.
Não há plástico reciclado suficiente para satisfazer a atual procura e a utilização de plástico virgem regressou aos níveis de 2018
No relatório global de 2022, a Fundação Ellen MacArthur anunciou que, embora a utilização de PCR por parte dos signatários tenha mais do que duplicado desde 2018 (de 4,8% para 10%), continuam longe do objetivo para 2025. Além disso, a utilização de plástico virgem regressou aos níveis de 2018, após um decréscimo inicial.
A questão que permanece é a seguinte: como podemos aumentar a quantidade e a disponibilidade de plástico PCR? Neste artigo, vamos analisar o que as marcas podem fazer para aumentar a probabilidade de reciclagem contínua das embalagens dos seus produtos.
Caso esteja envolvido na conceção de embalagens de produtos, existem algumas medidas fundamentais que pode adotar para promover a possibilidade de reciclagem das embalagens dos produtos, e que a Domino já recomendou.
Todavia, a capacidade de reciclagem dos produtos é apenas uma parte da solução. Em todo o mundo, produzimos diariamente grandes volumes de desperdício reciclável que acaba muitas vezes por ser incluído nas recolhas do desperdício geral. Com efeito, um relatório recente da National Geographic concluiu que 91% do desperdício de plástico não é enviado para uma instalação de reciclagem.
O tópico de como melhorar a recuperação de materiais tem sido amplamente debatido. Várias start-ups e empresas têm como objetivo melhorar a identificação dos produtos nas instalações de recuperação de materiais (MRF) por vários meios, como aplicações de inteligência artificial e visualização por máquinas em conjugação com as tecnologias existentes de infravermelhos próximos e de separação de ar, para melhor identificar o desperdício e aumentar as taxas de reciclagem.
No entanto, o Dr. Adam Read, diretor de Sustentabilidade e Assuntos Externos da SUEZ Recycling and Recovery UK, sugere que a solução mais prática poderá ser ainda mais simples. “As nossas MRF já conseguem obter até 90% do PET e HDPE recolhidos com as máquinas de identificação existentes”, afirma. “O problema é que a nossa taxa de recuperação de 90% não começa com uma taxa de recolha de 100%.”
Segundo Read, também a qualidade do material recolhido constitui um obstáculo ao aumento das taxas de reciclagem. “Muitos produtos recicláveis não passam pelas MRF; se ficar algum líquido numa garrafa PET ou resíduos de alimentos num tabuleiro de HDPE, estes ficam mais pesados, alterando-se a densidade, pelo que não entram na pilha para reciclagem”.
Tudo isto aponta para a necessidade de uma maior sensibilização dos consumidores relativamente à correta preparação e eliminação do desperdício para reciclagem. "É uma mensagem complexa", afirma Read. “Para tentar envolver as pessoas na reciclagem, é necessária uma mensagem relativamente simples. Contudo, tentar que o façam corretamente e com qualidade já é mais difícil.”
O fórum dos bens de consumo tem um conjunto de nove Regras de Ouro para a conceção de embalagens recicláveis, incluindo a utilização de instruções de reciclagem nas embalagens como forma de sensibilizar os consumidores.
Efetivamente, segundo um relatório da Recycling Partnership, sediada nos EUA, de março de 2023, 78% dos consumidores norte-americanos procuram informações sobre reciclagem nas etiquetas dos produtos para garantir que o artigo acaba no sítio certo.
“Se, a nível doméstico, conseguíssemos uma reciclagem mais precisa, as matérias-primas sofreriam uma alteração que iria facilitar qualquer sistema que utilizássemos”, afirma Read. “Quer se utilize a tecnologia atual, uma triagem manual, um novo sistema ou algo híbrido, se tivermos os materiais certos, o sistema flui.”
A utilização de etiquetas sobre reciclagem nas embalagens, além de facilitar a tarefa dos consumidores, pode também acrescentar mais valor à marca. Segundo um estudo recente da McKinsey and NielsenIQ, existe uma “ligação clara e material” entre as informações sobre sustentabilidade e os padrões de consumo dos consumidores.
As etiquetas sobre reciclagem estão a ganhar força em todo o mundo, com muitos países a imporem requisitos obrigatórios de etiquetagem sobre o fim de vida:
A lista não é exaustiva, prevendo-se que muitos outros países, incluindo Espanha, Portugal, Polónia e Alemanha, introduzam requisitos obrigatórios de etiquetagem regional nos próximos anos.
Noutras regiões, surgiram organizações que fornecem etiquetas sobre reciclagem que as marcas podem utilizar voluntariamente nas suas embalagens:
Num relatório de 2020 sobre o comportamento dos consumidores e as etiquetas de reciclagem, o Waste and Resources Action Programme, do Reino Unido, identificou um conjunto de recomendações relativas à forma como criar uma etiqueta sobre reciclagem mais eficaz, por exemplo:
Embora seja claramente meritório acrescentar às embalagens aconselhamento sobre reciclagem para os consumidores, o facto de existirem diversos requisitos de etiquetagem que diferem a nível regional pode tornar o processo confuso e complexo para as marcas que vendem produtos internacionalmente, sobretudo quando a legislação e o aconselhamento são suscetíveis de mudar.
Uma possível solução pode passar pela inclusão de informações sobre reciclagem num código 2D, por exemplo, um código QR. Na verdade, a nova legislação francesa relativamente à etiquetagem já impõe a inclusão de códigos QR em determinados tipos de embalagens, para que os consumidores tenham acesso a informações sobre reciclagem através do smartphone.
A iniciativa da agência de normas mundiais GS1, que prevê a utilização de códigos de barras 2D nos pontos de venda até 2027, abre também a porta à Ligação Digital GS1, um código 2D exclusivo que será utilizado no ponto de venda e que conduz os consumidores, através dos seus telemóveis, para uma página web específica do produto, onde encontrarão informações mais detalhadas. A GS1 sugere que os códigos QR potenciados pela norma da Ligação Digital GS1 podem oferecer às empresas uma solução eficiente e económica para facultar informações sobre reciclagem aos consumidores, conseguindo preparar as suas embalagens para o futuro e para as novas exigências legislativas.
Com um código QR de Ligação Digital GS1, os proprietários das marcas podem estabelecer a ligação a várias fontes de informação, tudo a partir de um único símbolo, nomeadamente:
A consulta das recomendações locais.
A ligação às instalações de reciclagem mais próximas.
Incentivos para a reciclagem.
Dicas para a reutilização das embalagens quando não é possível reciclar os produtos.
Feedback e inquéritos.
O que torna a Ligação Digital GS1 tão crucial é o facto de permitir que as marcas atualizem ou publiquem novas mensagens sem alterar o design da embalagem. A informação constante no código QR de Ligação Digital GS1 pode ser atualizada sempre que surja uma nova legislação.
Ao acrescentar hoje uma Ligação Digital GS1 às embalagens dos produtos, as marcas podem satisfazer as exigências atuais dos consumidores e das empresas e resolver os requisitos futuros, como e quando necessário, através de uma solução única, flexível e económica.
Saiba mais sobre a Ligação Digital GS1.
Artigo originalmente publicado na Domino, em 25 de outubro de 2023. Republicado com permissão.
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