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EuroCigua II: abordagem integrada para avaliação dos riscos para a saúde humana de ciguatoxinas em peixes na Europa

Filipa Melo de Vasconcelos1

1ASAE-Autoridade de Segurança Alimentar e Económica

04/10/2022
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O arranque do EuroCigua II (ECG2) terá lugar em Las Palmas de Gran Canaria, Espanha, nos próximos dias 26 e 27 de outubro. Este projeto é cofinanciado pela EFSA - European Food Safety Authority através de um acordo-quadro (FPA) GP/EFSA/KNOW/2022/03 celebrado como cooperação de longo prazo entre todos os envolvidos nesta parceria.
Portugal está amplamente representado, sendo parceiros lusos do projeto a ASAE-Autoridade de Segurança Alimentar e Económica, o IPMA- Instituto Português do Mar e da Atmosfera e o INSA-Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, contando-se ainda com a colaboração do Serviço de Saúde da Região Autónoma da Madeira (SeSaRAM).

A ciguatera é uma intoxicação alimentar provocada pela ciguatoxina. Existem diversas ciguatoxinas (CTX) e estas são metabolitos secundários de algas dinoflageladas do género Gambierdiscus, que crescem predominantemente em associação com macroalgas em recifes de corais em climas tropicais e subtropicais.

A CTX é transferida ao longo da cadeia alimentar, os peixes mais pequenos alimentam-se de algas produtoras de toxina, ficando contaminados. Quando estes peixes servem de alimento para peixes maiores, acumula-se a ciguatoxina e tornam-se mais tóxicos quando se dá o consumo humano.
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Na Europa, surtos autóctones de intoxicação alimentar ciguatera foram relatados desde 2008 em Espanha (Ilhas Canárias) e em Portugal (Madeira). Decorrente destes surtos e com o reconhecimento pela EFSA do envenamento por Ciguatera como um possível risco emergente na UE, assim como a falta de metodologias e ferramentas e limites estabelecidos, levaram a EFSA e um consórcio de 14 parceiros a estabelecerem um acordo-parceria (FPA) consubstanciado no projecto Eurocigua de quatro anos.

O projeto EuroCigua II (ECG2) sucede assim ao EUROCIGUA (2016-2020) que se concentrou na caraterização de risco de intoxicação por peixes ciguatera (CFP) na Europa, a fim de responder à escassez de normas e material de referência; estabelecer uma abordagem metodológica confiável para identificar e quantificar as ciguatoxinas (CTXs) em peixes, microalgas e, eventualmente, em pacientes; compreender a distribuição espacial e temporal do Gambierdiscus spp. em águas da UE; avaliar a toxicidade semelhante ao CTX do Gambierdiscus spp. em populações; avaliar a possível presença de CTXs em peixes em águas da UE e melhorar o registo de casos de Ciguatera na UE.

No período em que decorreu o EuroCigua foram registrados 34 focos, encontrando-se Gambierdiscus não só nas ilhas do Atlântico espanhol e português, mas também em várias ilhas do Mediterrâneo, Chipre e Grécia, incluindo, pela primeira vez, notificação de várias espécies de dinoflagellates nas Ilhas Baleares.

O projeto identificou o CCTX 1 como o principal responsável pelo envenenamento por ciguatera na Europa, embora alguns outros compostos possam estar envolvidos. Desenvolveu métodos analíticos para quantificação e caraterização de CTX e produziu materiais de referência. Todos esses dados confirmaram que está tornando-se endémico na Macaronésia, mas também que o problema é largamente subestimado devido às lacunas e fragilidades na colheita de dados epidemiológicos dos sistemas de notificação existentes. A mudança climática é um dos principais impulsionadores para o surgimento do CTX em peixes.
Embora o EuroCigua tenha sido capaz de fornecer conhecimentos e ferramentas substanciais voltadas para a caraterização do risco de CFP, foi consensual a necessidade de mais trabalho para melhor proteger os consumidores e colmatar algumas outras lacunas ainda não esclarecidas do ponto de vista técnico-científico. O regulamento (CE) nº 854/2004 do Parlamento Europeu e do Conselho de 29 de abril de 2004 exige que não sejam colocados no mercado produtos de peixe contendo CTX; no entanto, não foram ainda estabelecidas metodologias ou limites harmonizados.

A consciencialização entre profissionais de segurança alimentar, clínicos gerais e cidadãos precisa ser ativada para melhorar as respetivas notificações. Além disso, o risco de peixes importados deve ser caraterizado, uma vez que está aumentando o número de surtos de CFP na Europa. Mais caraterização do risco, elaboração de materiais de referência, formação de outros laboratórios na UE e desenvolvimento de modelagem preditiva sob mudanças climáticas na Europa precisam ser abordados neste novo acordo-parceria EuroCigua II (ECG2).

O ECG2 concentrar-se-á em fornecer as bases para uma abordagem integrada para avaliar os riscos para a saúde humana de ciguatoxinas em peixes na Europa, aproveitando quer o consórcio de excelência científica estabelecido no EUROCIGUA, quer a participação de agências e instituições europeias no Conselho Consultivo como ECDC, Comissão Europeia e JRC. Sendo o CFP um problema global cuja importância é reconhecida internacionalmente pela FAO, as colaborações internacionais com o Japão e os EUA serão mantidas e melhoradas, além de que, também a própria FAO participará do Conselho Consultivo.

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Referências Bibliográficas

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