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Sustentabilidade e modernização tecnológica e produtiva são as 'palavras de ordem' da Casa Mendes Gonçalves, fundada em 1982, na Golegã, e detentora de conhecidas marcas de molhos, vinagres e condimentos, como a Paladin, Peninsular ou Dona Pureza. Carlos Mendes Gonçalves, Chief Executive Officer of Dream and Instability, aborda nesta entrevista à iALIMENTAR, o percurso destes 40 anos e analisa os eixos estratégicos para o futuro, centrados entre outros aspetos, na “inovação e originalidade”.
A Paladin é uma das marcas mais conhecidas da Casa Mendes Gonçalves.
Tudo começou em 1982 quando, com apenas 15 anos, me juntei ao meu pai para criar com ele uma fábrica de produção de vinagre na sua terra natal, a Golegã. Erámos ambos empreendedores, mas acima de tudo criativos e sempre de olhos postos na terra, pelo que rapidamente chegámos à conclusão de que iríamos fazer um vinagre diferente, que mais ninguém estivesse a fazer. Foi então que decidimos utilizar um subproduto da produção agrícola da região, neste caso o figo de Torres Novas, para fazer o vinagre cujo sucesso deu origem à empresa que temos hoje.
Este início disruptivo para a época acabaria por definir esta nossa Casa Mendes Gonçalves de uma forma que nem eu, nem o meu pai, poderíamos prever. O vinagre de figo surgiu da nossa vontade de fazer diferente, que está cravada no ADN da empresa desde o primeiro dia. A inovação e a originalidade fazem, assim, parte da nossa cultura e dos nossos valores e manifestam-se até aos dias de hoje.
20 anos depois dá-se um dos passos mais relevantes para a empresa que o mercado conhece atualmente, com a entrada na categoria dos molhos. Além deste marco, o relançamento da marca Paladin, há cerca de uma década, trouxe definitivamente para a ribalta a nossa irreverência e inquietude intrínsecas. A nossa vontade inabalável de fazer sempre mais, sempre melhor, sempre diferente.
Hoje, a Casa Mendes Gonçalves, detém três marcas ativas, vende para 40 países e emprega mais de 300 pessoas empenhadas em aportar valor e inovação ao mercado de molhos, vinagre e condimentos.
Considero que o sucesso de qualquer organização ou iniciativa vem, em grande medida, da consistência. A Casa Mendes Gonçalves não é exceção.
Estou convencido de que a consistência com que temos vindo a entregar ao mercado o valor e os atributos diferenciadores acima descritos tem sido o fator-chave no nosso sucesso. Além disso, há que destacar a imensa evolução da nossa marca Paladin desde o seu relançamento, há cerca de 10 anos, que contribuiu de forma decisiva para alavancar o sucesso de toda a empresa. Resta-nos agora reforçar as nossas outras marcas – por enquanto, Peninsular (focado no canal Horeca mais tradicional) e Dona Pureza (vinagre de limpeza).
Por outro lado, mesmo já se tendo tornado um chavão da gestão, é absolutamente fundamental o papel das pessoas e da cultura das empresas para o sucesso. Destaco aqui todas as nossas pessoas e todas as nossas equipas, cujo contributo diário e, uma vez mais, altamente consistente, tem permitido atingir os vários objetivos e metas a que nos temos proposto.
O lema ‘agir local, pensar global’ tem aqui um gigante significado para nós. Efetivamente somos da opinião que se cada empresa, e no limite cada cidadão, conseguir garantir um impacto positivo da sua atividade e na sua envolvente mais próxima, então todos juntos conseguiremos mudar o mundo. Todos os dias trabalhamos para devolver à região tudo o que ela nos dá de melhor.
De um ponto de vista mais macro, acredito que as empresas nacionais são importantíssimas para o desenvolvimento do País com um tecido empresarial como o de Portugal. É importante trabalhar em conjunto, em rede, escolher sempre que possível o que é nacional, e ouvir quem todos os dias trabalha arduamente para elevar a marca Portugal, dentro e fora de portas.
Atualmente empregamos cerca de 300 pessoas. Mantemos uma perspetiva de futuro moderadamente otimista, ainda que muito cautelosa, acreditando nos planos que elaborámos de conquista de novos negócios, clientes e mercados. Conscientes de que o nosso futuro depende, não em exclusividade, mas bastante, de nós próprios, mantemos uma postura positiva e proativa de continuarmos a trabalhar como prioridades absolutas: a nossa capacidade de inovação; a nossa flexibilidade; o foco no futuro das nossas marcas. Acima de tudo, a jornada contínua de estudo e identificação das necessidades do consumidor para que consigamos, a cada dia que passa, conhecê-lo de forma mais profunda, responder às suas necessidades de forma mais assertiva e perspetivar cada vez melhor as suas necessidades futuras.
A Casa Mendes Gonçalves, pelo seu cariz familiar e ligação à comunidade, compreende que existe um conjunto de temáticas que ameaçam o desenvolvimento sustentável tanto da empresa como da comunidade à sua volta. Para abordar esses problemas foi criado o projeto 'Vila Feliz Cidade' (VFC) que pretende aliar a componente económica à responsabilidade social e ambiental numa perspetiva integrada. Este projeto é, também, o nome da localização física onde serão implementadas um conjunto de infraestruturas relevantes: uma agrofloresta, já existente, e uma escola. São já mais de 6 hectares de agrofloresta implementada em cerca de 31 hectares de área não industrial gerida pela Casa MG. Esta área capta atualmente uma quantidade total estimada de 643 toneladas de CO.
O projeto ‘Vila Feliz Cidade’ venceu o troféu Heróis PME 2022 na categoria de Sustentabilidade.
A sustentabilidade, nos seus três pilares, é o que na Casa Mendes Gonçalves acreditamos ser a única forma de existir no futuro, para ser relevantes, e para o atingir cumprindo o nosso propósito de criar a alimentação do futuro. Em 40 anos de existência sempre fomos sustentáveis economicamente e sempre os revestimos socialmente pois, uma empresa que hoje emprega cerca de 300 pessoas numa terra de 3 500, é necessariamente positiva.
Hoje, reconhecemos também o grande desafio de ser também positivos ambientalmente, o que, por existirmos e produzirmos não é um desafio trivial. Para reduzir o nosso impacto, e a par com as diversas medidas que temos vindo a implementar alinhados com os ODS’s comunitários, construímos um extraordinário projeto a que chamamos Vila Feliz Cidade. Na génese deste projeto encontra-se o impacto social, uma escola em todos os sentidos e ainda mais pelo seu propósito: aqui, as crianças conhecerão intimamente o mundo natural à sua volta e crescerão com um sentido de respeito pelo ambiente como nenhuma geração anterior alguma vez possuiu. Em redor da escola foi plantada uma agrofloresta onde são aplicados os princípios da agricultura regenerativa que permitem criar ecossistemas saudáveis ao mesmo tempo que são produzidos alimentos, como os pimentos picantes que são já utilizados na nossa atividade. A localização desta agrofloresta, tão próximo da nossa fábrica, encaminha os alimentos diretamente do campo para a fábrica e facilita a valorização circular de resíduos biológicos. Pretendemos demonstrar, através do exemplo e com dados reais, que a agricultura regenerativa é rentável e dessa forma ensinar e incentivar a que outros também o façam, criando assim uma rede ambientalmente virtuosa de fornecedores de produtos de agricultura regenerativa.
A alimentação do futuro e os produtos que um dia iremos produzir são de menor importância comparativamente com a forma como o faremos: é essencial que sejam produzidos com matérias-primas geradas em áreas próximas, com embalagens cada vez mais amigas do ambiente e que em cada etapa do processo a sustentabilidade seja o fator crítico de decisão, pois acreditamos que essa é a única forma de o fazer. Queremos influenciar aqueles que connosco trabalham, a montante e a jusante da nossa atividade, a aderirem a esta visão, para aproveitar todas as oportunidades de circularidade, para produzir responsavelmente, para reduzir o desperdício e para que a inovação conjunta dê origem a produtos com menos impacto ambiental ao mesmo tempo que se tornam mais saudáveis, criativos e, porque não, disruptivos. Com esta visão, desenhamos a nossa estratégia que além de ser eficiente deixa espaço para que possamos aproveitar oportunidades que surgem do desenvolvimento tecnológico, da vontade das nossas pessoas, das tendências de mercado e do aumento do nosso autoconhecimento.
As circunstâncias que afetaram os anos de 2020 e 2021 não nos foram favoráveis. A disrupção causada, que afetou as nossas pessoas e impactou nosso negócio, trouxe desafios que, uma vez mais, provaram a nossa resiliência e o compromisso mútuo que existe dentro desta família. À medida que recuperamos a nossa normalidade inquieta, voltamos a focar a nossa atenção para a geração de oportunidades para as nossas pessoas e em potenciar o seu valor. Queremos abrir portas a estas pessoas que aqui encontram um local seguro para trabalhar, conviver, tornarem-se melhores e a ser felizes, tanto aquelas que cresceram a conhecer a nossa casa, como para aquelas que se juntaram à nossa família vindas de locais cuja estabilidade não lhes permitia almejar uma vida digna.
Não é do nosso caráter demitir-nos de procurar soluções para os problemas que sabemos existir, pelo que vamos construir sobre as virtudes de inquietude e resiliência da nossa família as iniciativas necessárias para criar o mundo que sabemos que os nossos filhos merecem e as nossas pessoas desejam.
"É essencial que sejam produzidos com matérias-primas geradas em áreas próximas, com embalagens cada vez mais amigas do ambiente e que em cada etapa do processo a sustentabilidade seja o fator crítico de decisão, pois acreditamos que essa é a única forma de o fazer"
Felizmente, não obstante todos os desafios que estamos a ultrapassar, não sentimos a necessidade de alterar a estratégia da empresa, nem das marcas. Obrigou-nos, isso sim, a ser ainda mais expeditos na reação aos desafios inesperados e a aprofundar ainda mais a nossa capacidade de ser flexíveis. Em termos de oportunidades de negócio, surgiram várias e de várias latitudes durante a pandemia. No entanto, não mais nem menos do que no período pré-pandémico. Também no que respeita a faturação, a Casa Mendes Gonçalves continuou a tendência de crescimento dos últimos anos.
Cremos que os principais desafios que se colocam atualmente, não só à Mendes Gonçalves, mas a todas as empresas e organizações, têm que ver com a necessidade de continuar a criar riqueza e a promover crescimento, mas de uma forma cada vez mais sustentável e em linha com todas as necessidades ambientais e de proteção do planeta, de forma que possamos garantir um futuro melhor para todos nós.
Para aí chegarmos, prevenção, inovação, criatividade e flexibilidade serão as palavras de ordem! Devemos estar atentos e vigilantes, prever sem descurar a flexibilidade, agir de forma certeira e criativa, sempre assentes na nossa capacidade de inovação para surpreender mercado e consumidor. Tudo isto, claro está, sem nunca desviar a atenção do nosso maior ativo: as pessoas.
Por outro lado, principalmente numa indústria tão competitiva e dinâmica como é a alimentar, há uma necessidade constante e absoluta de modernização tecnológica e produtiva.
E é por aqui que a Casa Mendes Gonçalves está a traçar caminho: sustentabilidade e meio ambiente, a par com modernização tecnológica e produtiva. Estamos a investir, e continuaremos a fazê-lo de forma continuada, no nosso plano de sustentabilidade que passa não apenas por questões como a transição energética ou a aposta na circularidade do nosso processo produtivo, mas também, por exemplo, por um projeto agroflorestal de vanguarda que, entre outros desígnios, visa aprofundar ainda mais os nossos laços com a comunidade que nos rodeia – Projeto 'Vila Feliz Cidade'. Além disso, e para responder cada vez mais e melhor às necessidades e desafios dos nossos clientes – e, acima de tudo, dos nossos consumidores – há um reinvestimento contínuo (e continuamente reforçado) em soluções industriais inovadoras, maquinaria com maior capacidade e melhor desempenho e software de última geração.
“Numa indústria tão competitiva e dinâmica como é a alimentar, há uma necessidade constante e absoluta de modernização tecnológica e produtiva”
O projeto ‘Vila Feliz Cidade’ venceu o troféu Heróis PME 2022 na categoria de Sustentabilidade.
Detentora da marca Paladin, com sede na Golegã, a empresa criou o projeto 'Vila Feliz Cidade' em 2019 que, como foi referido na entrevista, pretende, numa perspetiva integrada, aliar a componente económica à responsabilidade social e ambiental, através da criação de um modelo de negócio regenerativo e resiliente que integra a comunidade em torno do ambiente e da educação.
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