Há quem diga que não é o mais forte que sobrevive, nem o mais inteligente, mas o que melhor se adapta às mudanças. Esta afirmação, não obstante de se apresentar como intemporal, apresenta por vários motivos uma atualidade excecional. A utilização de toda a tecnologia disponível foi evidente durante este período, desde reuniões virtuais, até à quase ausência de necessidade de presença física para realização de qualquer tipo de tarefa. Edifícios inteiros ficaram vazios, com todos os seus recursos humanos obrigados a trabalhar remotamente em formato teletrabalho e em função de confinamentos e regras de distanciamento social. Organizações dos mais variados segmentos sentiram cada vez mais a necessidade de migrar para o ambiente digital de modo a poderem adequar-se rapidamente a este novo formato de trabalho, mais produtivo, ágil e seguro. A digitalização de processos está a evoluir rapidamente para deixar de ser uma escolha e passar a ser uma questão de necessidade.
Nascido na Alemanha em 2011, o termo 'Indústria 4.0' é amplamente utilizado para identificar a quarta revolução industrial. Novos sensores conectados, dispositivos, máquinas e análise de dados utilizados através da digitalização e automação criam a base da Indústria 4.0 e são exemplos dos mecanismos utilizados no sentido de melhorar a eficiência, qualidade e segurança, reduzindo custos e tempo de colocação no mercado. O foco principal está na capacidade dos sistemas conseguirem interpretar a informação, e armazenar o conhecimento adquirido com a experiência. Sistemas e processos de produção inteligentes, bem como métodos e ferramentas de engenharia adequados serão certamente um fator chave para o sucesso da implementação de instalações de produção ou serviços interconectados.
A tecnologia da Internet das Coisas (Internet of Things - IoT), os sensores, simulações, sistemas baseados em inteligência artificial e sistemas em nuvem e blockchain são exemplos de tecnologias que são projetadas para ter o maior impacto na indústria de processamento alimentar, permitindo a integração de processos físicos, computação e redes em sistemas ciber-físicos. Não nos podemos, porém, esquecer do fator humano, que continua a ser uma peça chave em todo este processo de transição, sendo por isso muito relevante ter também e, em simultâneo, bem definidas estratégias de inclusão humana que levem em consideração a sua saúde e as mudanças no modelo de força de trabalho. A economia mundial está portanto num ponto sem retorno rumo a uma rápida transformação digital, e isso inclui também toda a indústria alimentar.
A digitalização dos processos permite que se tenham sempre atualizados os indicadores chave do processo de forma exata. Por exemplo, com sistemas de gestão de tarefas online, os gestores conseguem acompanhar, em tempo real, as atividades realizadas, as horas dedicadas, etc.
Tal digitalização e integração são, sem dúvida, uma oportunidade que não pode ser descurada. As tecnologias existentes e que estão em rápido desenvolvimento terão de ser incorporadas pela indústria alimentar.
Para além do controlo efetivo da operação que é possível alcançar, há ainda informação relevante que não pode ser deixada para trás. A gestão de Metadados na era do Big Data é uma realidade. A análise de Big Data nas operações do dia-a-dia e na tomada de decisão por parte das organizações, além de gerir os dados de forma otimizada, torna a tarefa ainda mais relevante.
A migração para o universo digital tem sido e irá continuar a ser uma prioridade para a rotina empresarial globalizada, e a indústria alimentar, restauração e similares não serão certamente exceção.
* Mestre em Empreendedorismo e Inovação na Indústria Alimentar. Especialista em Indústrias Alimentares e Diretor da Vatel Portugal - Hotel & Tourism Business School.
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