Preferências dos consumidores cada vez mais exigentes. Segurança alimentar com o foco na cadeia de valor. Tecnologias novas ao serviço do agroalimentar. Estes são apenas alguns fatores que têm desencadeado impulsos na área da automatização de processos na indústria alimentar, com recurso a robótica. Fomos perceber como esta revolução 4.0 está a mudar o mercado com uma importante inovação empresarial. E os números provam isso mesmo: de acordo com a Robotic Industries Association, as encomendas de sistemas robóticos por fabricantes da área alimentar e bens de consumo cresceram 56% em 2020, e até 2025, os robôs colaborativos (cobots) constituirão 34% de todas as vendas de robôs.
Em Portugal, empresas, associações, academia e clusters têm-se adaptado, nos últimos anos, às tendências do mercado e acompanhado a evolução tecnológica, onde os processos são decisivos ao longo de toda a cadeia, desde a produção ao consumo.
A indústria 4.0 traz vantagens e, em teoria, facilitará a resposta das empresas do setor às crescentes exigências do mercado e aos requisitos de cada consumidor.
A PortugalFoods, como parceiro de referência do setor agroalimentar em Portugal, “reconhece que este novo paradigma se impõe à gestão moderna das empresas. Com as novas tecnologias a possibilitarem a otimização integrada e inteligente de processos com base em informação em tempo real, será possível às organizações que forem capazes de tirar partido destas tecnologias, encontrar soluções adequadas aos desafios que se vivem neste ambiente altamente competitivo e global, ganhando espaço para maior produtividade e inovação”.
Por essa razão, lançou um Guia informativo para a Indústria 4.0 no setor agroalimentar, que faculta informações importantes sobre a área da inovação neste segmento.
De acordo com o documento, a integração dos processos oferecidos pelas tecnologias da Indústria 4.0 “pode ajudar a responder às solicitações e exigências atuais do mercado, que, de forma insistente e pressionante, tem desafiado o setor agroalimentar”.
No fundo, “trata-se de criar melhorias na segurança alimentar, a gerir melhor as cadeias de abastecimento, a garantir maior rentabilidade num mundo complexo e competitivo, ou a ser capaz de responder com flexibilidade às mudanças nos comportamentos dos consumidores. O que a Indústria 4.0 proporciona, é sobretudo, a otimização dos vários níveis das operações de uma empresa industrial: equipamentos individuais ou sensores que recolhem dados; equipamentos da linha de produção; sistema de gestão de operações e o sistema global de gestão do negócio. Ao reunirem-se todos estes elementos, é possível à empresa monitorizar e tomar decisões sobre o enorme volume de dados que está a ser produzido nos quatro níveis, de forma a medir o desempenho de toda a operação, descobrindo soluções mais inteligentes para os problemas que surgirem", lê-se no Guia.
As vantagens são várias, entre elas, destacamos:
Além disto, e de acordo com o 'Fourth Industrial Revolution: Beacons of Technology and Innovation in Manufacturing, WEF & Mckinsey',de 2019, citado pelo Guia, há três principais megatendências tecnológicas:
Desta forma, quisemos perceber de que modo as empresas estão a implementar os seus processos, nomeadamente, com o exemplo da Universal Robots.
Miguel Oliveira, Sales Development Manager para Portugal da Universal Robots, começa por considerar sobre o tema que a automatização "está a transformar a indústria alimentar com aplicações robotizadas cada vez mais diversas".
"Desde os primeiros campos de alface do mundo, geridos por robôs, até aos sistemas robóticos de apanha de fruta, capazes de distinguir entre maçãs e laranjas, a automatização está agora a tornar possível otimizar a produtividade ao longo de toda a cadeia alimentar. O leque de oportunidades - tanto comerciais como técnicas - está a acelerar rapidamente", salienta, recordando que, de acordo com a Robotic Industries Association, as encomendas de sistemas robóticos por fabricantes da área alimentar e bens de consumo cresceram 56% em 2020, e até 2025, os robôs colaborativos (cobots) constituirão 34% de todas as vendas de robôs.
"Quer se trate de embalar ovos, pulverizar pãezinhos, controlar a qualidade, ou paletizar embalagens de alimentos e bebidas, os cobots estão na vanguarda da transformação em curso nos processos e na logística da indústria alimentar", diz Miguel Oliveira, da Universal Robots
O responsável da Universal Robots constata: "fáceis de programar e implantar e 65% mais pequenos do que os robôs industriais tradicionais, os robôs colaborativos (cobots) beneficiam empresas de qualquer dimensão, inclusive pequenas empresas que produzem em baixo volume e em pequenas séries, e cujas capacidades de investimento são limitadas. A sua flexibilidade permite-lhes adaptarem-se muito facilmente a várias tarefas e alterações de formato. Os robôs colaborativos oferecem, por isso, um retorno do investimento (ROI) mais rápido".
"Quer se trate de embalar ovos, pulverizar pãezinhos, controlar a qualidade, ou paletizar embalagens de alimentos e bebidas, os cobots estão na vanguarda da transformação em curso nos processos e na logística da indústria alimentar. A ergonomia do cobot converte-o numa ferramenta perfeitamente adaptada à indústria alimentar, configurada para assumir trabalho repetitivo e fisicamente exigente e dar às pessoas tempo e espaço para tarefas mais interessantes e variadas onde as suas capacidades humanas únicas e a sua experiência prática podem acrescentar maior valor", explica.
Miguel Oliveira realça que “os cobots provaram ser úteis em ambientes que apresentam condições climáticas ou higiénicas especiais”.
Miguel Oliveira salienta que os cobots tornam mais fácil e mais barato a produção de pequenos lotes, "configurando as especificações de acordo com as exigências individuais dos clientes e as alterações das tendências na indústria, no retalho, e na logística, bem como a nível do consumidor. Também tornam possível alcançar maior consistência e qualidade com menor desperdício, o que, por sua vez, pode ajudar a melhorar as margens de lucro".
Na indústria alimentar, "a qualidade das matérias-primas e ingredientes é importante, e a consistência e delicadeza de todas as etapas de processamento e manuseamento é muitas vezes igualmente importante para a manutenção desta qualidade. Manipular alimentos já embalados e prepará-los para o transporte também requer destreza e precisão - critérios que podem ser facilmente cumpridos por robôs colaborativos".
Certificados para trabalharem em sala limpa, Miguel Oliveira realça que "os cobots provaram ser úteis em ambientes que apresentam condições climáticas ou higiénicas especiais. Estão disponíveis robôs que podem trabalhar sem obstáculos em temperaturas que variam entre 0°C e 50°C, e que podem funcionar sem falhas em ambientes com baixos níveis de oxigénio que exigiriam equipamento complexo para o pessoal humano".
A integração da robótica colaborativa na indústria alimentar continua a aumentar, constata o responsável da Universal Robots, lembrando que "graças aos cobots, as condições de trabalho nas empresas são melhoradas: menos acidentes de trabalho, mais higiene, e aumento da produtividade. Do mesmo modo, a sua grande flexibilidade torna-os um ativo legítimo numa indústria em que a produção é constante".
"Num setor em permanente evolução e sob condições exigentes, devem ser adotadas novas soluções para responder às necessidades cada vez maiores de produção, qualidade e competitividade. Por conseguinte, este setor tem-se voltado gradualmente para a robótica, atraído por benefícios como a flexibilidade, a fiabilidade, a elevada velocidade e a segurança", conclui Miguel Oliveira.
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