Talleres Filsa, S.A.U.
Informação profissional para a indústria alimentar portuguesa

Circularidade: mudança de modelo é obrigatória

Emília Freire e Ana Clara04/10/2021

O setor da alimentação e bebidas é particularmente visado e, interessado, nos objetivos da economia circular e da redução do desperdício alimentar. A indústria há muito que tem vindo a reduzir os seus consumos, mas é urgente apostar mais na circularidade, valorizando os seus ‘resíduos’. A PortugalFoods elaborou recentemente um Guia que ajuda as empresas neste sentido.

Enquadramento RESOLVE para Economia Circular [Ellen MacArthur Foundation et McKinsey Center for Business and Environment...

Enquadramento RESOLVE para Economia Circular [Ellen MacArthur Foundation et McKinsey Center for Business and Environment, 2015]

A economia circular é uma economia em que os bens de hoje são os recursos de amanhã, formando um ciclo virtuoso que promove a prosperidade num mundo de recursos finitos. É uma nova forma de conceber, fazer, e utilizar bens e serviços dentro dos limites planetários. Baseia-se em três princípios: eliminar, por design, resíduos e poluição; manter produtos e materiais em utilização; e regenerar os sistemas naturais.

“A União Europeia (UE), no seu Estudo de Economia Circular, em 2014, identificou alimentos e embalagens como setores prioritários de atuação, e produtos e resíduos agrícolas, plásticos e fósforo como materiais prioritários, ficando evidente que o setor agroalimentar é um setor prioritário na transição para uma economia circular”, salienta a PortugalFoods.

A associação considera que “a transição para sistemas alimentares mais sustentáveis é uma enorme oportunidade económica, já que as expectativas dos cidadãos estão a evoluir e a conduzir a mudanças significativas no mercado alimentar, o que permitirá às empresas contribuir para um sistema mais sustentável, enquanto diferenciam a sua marca e aumentam a sua competitividade e resiliência”.

Por isso, através do projeto PortugalFoods_Qualifica, decidiu elaborar o guia informativo ‘Economia Circular para o Setor Agroalimentar’, que “pretende ajudar à transformação das empresas agroalimentares portuguesas, na transição para uma economia mais circular e, consequentemente, na progressão na cadeia de valor”.

Com o foco nos ganhos de eficiência e no incremento da qualidade dos produtos, tendo por base um paradigma de proteção do ambiente e combate às alterações climatéricas, a PortugalFoods adianta que as empresas agroalimentares nacionais já estão a assumir a economia circular como o nervo central da sua estratégia de negócio.

De facto, as empresas agroalimentares nacionais já reconhecem a importância da economia circular: 78% das empresas nacionais entrevistadas no âmbito do projeto PortugalFoods_Qualifica valorizam bastante esses processos e estratégias, e 69% investiram em economia circular desde o início de 2019: eco-eficiência, eficiência energética, ecoinovação e valorização de subprodutos e resíduos são alguns dos mais importantes fatores-chave para o negócio, apontam.

Como fazer a transição?

A transição para uma economia circular pode sistematizar-se, resumidamente, nos 7 elementos-chave da Economia Circular - DISRUPT [Circle Economy, 2020], ou no enquadramento RESOLVE [Ellen MacArthur Foundation et McKinsey Center for Business and Environment, 2015], salienta o guia, adiantando que “estas abordagens ajudam a considerar várias perspetivas relevantes para a transição para uma economia circular, e podem ser adaptadas a diferentes setores, instituições e empresas”.

No guia a PortugalFoods avança com várias recomendações complementares a estas, apresentando também vários casos de sucesso na indústria nacional.

O guia completo disponível para download em: https://qualifica.portugalfoods.org/wp-content/uploads/2020/12/guia-economia-circular.pdf

7 elementos-chave da Economia Circular [Circle Economy, 2020]

7 elementos-chave da Economia Circular [Circle Economy, 2020]

O exemplo da Nestlé na busca por alimentos mais sustentáveis

Na senda da Economia Circular, a Nestlé juntou-se a mais de 50 outras empresas e entidades da indústria no apoio à iniciativa europeia que visa tornar os alimentos mais sustentáveis – o Código de Conduta da União Europeia (UE) para Negócios de Alimentação e Práticas de Marketing Responsáveis.

Este código de conduta define um conjunto de ações que os produtores de alimentos, serviços de alimentação, retalhistas e outros podem implementar para tornar mais fáceis as escolhas alimentares saudáveis e sustentáveis.

Juntando-se a este movimento, a Nestlé está a dar o seu contributo com um amplo conjunto de 23 compromissos para reduzir a pegada ambiental dos seus produtos e, simultaneamente, contribuir para dietas saudáveis e nutritivas. A empresa irá adicionar produtos mais nutritivos ao seu portfólio e estender a utilização do sistema de rotulagem nutricional Nutri-Score a todos os países europeus, onde este sistema é apoiado pelos respetivos stakeholders.

Do lado ambiental, as ações incluem o apoio à agricultura regenerativa, bem como uma mudança para utilização de energia 100% renovável e com operações de logística de emissões zero.

Atingir muitos destes objetivos exigirá uma abordagem completa da cadeia de valor e um trabalho em estreita colaboração com os agricultores e outras empresas fornecedoras de matérias-primas, materiais de embalagem e serviços. Só em conjunto é possível gerar um impacto positivo nas comunidades e no meio ambiente. Aliado às ações que as empresas se comprometem a fazer é ainda fundamental a existência de um ambiente político favorável a nível europeu e o Código de Conduta da UE é uma oportunidade única para a indústria alimentar e de bebidas abrir o caminho.

O Código de Conduta da UE é um dos principais resultados obtidos pela Estratégia 'Do Prado ao Prato' da União Europeia e a Nestlé garante que está empenhada em dar a sua contribuição. A empresa continuará a partilhar o seu know-how e a fornecer os recursos necessários a nível local para apoiar a transição para sistemas alimentares mais sustentáveis na Europa e além dela.

90% do material de embalagem pronto a ser reciclado ou reutilizado

Em Portugal, a Nestlé tem já mais de 90% do seu material de embalagem pronto a ser reciclado ou reutilizado. Este processo de transformação, que se iniciou há já alguns anos, está a contribuir para o compromisso global da companhia, anunciado em 2018, de atingir o ano 2025 com 100% das embalagens recicláveis ou reutilizáveis, em todos os países onde a empresa está presente.

Para cumprir este caminho, as fábricas da Nestlé em Portugal – Porto e Avanca – têm sido importantes polos de inovação, trabalhando sempre sob o conceito 'Sustainable by Design' e juntamente com as empresas parceiras de negócio para, desta forma, pensar o desenvolvimento de produto em todas as suas dimensões: nutrição, sabor, textura, sustentabilidade e qualidade das embalagens que os envolvem.

Logo em 2019, a Nestlé lançou em Portugal os primeiros produtos com embalagem 100% em papel: a gama Nesquik All Natural e os snacks Yes! Em seguida, nesse mesmo ano, os novos snacks biológicos para bebés Naturnes Bio Nutripufss, produzidos na fábrica de Avanca, foram desenvolvidos já sob o conceito Sustainable by Design.

Mas este caminho da reciclabilidade tem sido também desenvolvido por marcas já bem conhecidas dos consumidores portugueses, como é o caso de Nestum, cujas embalagens de toda a gama são 100% recicláveis. Também os cereais de pequeno-almoço Nesquik, Chocapic e Estrelitas, também eles fabricados em Avanca, atingiram já a reciclabilidade total.

Na fábrica do Porto este processo de transformação deu, no final do ano passado, um passo significativo com o fabrico da primeira embalagem de café torrado, para o segmento profissional, 100% reciclável, com Buondi Prestige. Esta inovação de embalagem, produzida a partir de um material plástico 100% reciclável em Portugal, permitirá eliminar o consumo anual de alumínio em 2,2 km2, bem como reduzir o consumo de água e energia necessários para produzir e reciclar este material.

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O material, sendo menos complexo, é considerado uma opção mais favorável à reciclagem, pelo que será possível efetuar este processo em alguns países nos quais não era possível fazê-lo com as embalagens anteriores.

Ainda no ano passado, em janeiro, a Nestlé adicionou um novo objetivo ao seu trabalho de transformação das suas embalagens com o anúncio de um investimento para liderar a mudança na utilização de plásticos virgens para plásticos reciclados de qualidade alimentar.

O objetivo é acelerar o desenvolvimento de soluções inovadoras de embalagens sustentáveis. Com base neste compromisso, a Nestlé reduzirá para um terço a sua utilização de plásticos virgens neste mesmo período até 2025. Desde o início de 2020, a Nestlé Portugal, que é também membro fundador do Pacto Português para os Plásticos, reduziu a utilização de plástico virgem em 2,5 toneladas.

Transição para um sistema alimentar regenerativo

A Nestlé está também a definir os seus planos para apoiar e acelerar a transição para um sistema alimentar regenerativo, aquele que visa proteger e restaurar o meio ambiente, melhorar os meios de subsistência dos agricultores e também o bem-estar das comunidades agrícolas.

Estes são alguns exemplos dessas práticas:

Cerelac feita com trigo do Alentejo

A Cerelac é uma marca estrela no portefólio da Nestlé Portugal. Esta farinha láctea é especialmente desenvolvida para bebés, como base ideal para uma alimentação diversificada e saudável. Para tal, precisa ser perfeita e isso começa com o melhor trigo, especialmente produzido e selecionado para Nutrição Infantil, cumprindo os mais estritos critérios de qualidade, de acordo com a legislação em vigor. O trigo utilizado pela Nestlé para produzir Cerelac é cultivado nos campos de trigo do Alentejo, de acordo com as práticas tradicionais, respeitando a natureza. A terra é fertilizada com os restos da seara anterior e a sementeira e a colheita são realizadas nos meses mais propícios ao desenvolvimento natural da planta, sendo esta regada apenas com a água da chuva. Esta é uma preocupação que desde sempre esteve presente na história desta marca que celebra este ano 85 anos de vida.

Wunda: a nova bebida vegetal com proteína de ervilha amarela

Lançada em maio passado, Wunda é uma nova gama de bebidas vegetais à base de proteína de ervilha amarela, com elevado valor nutricional e foi desenhada para ser sustentável, devido, sobretudo, à sua matéria-prima base que é a ervilha amarela. Estas ervilhas têm a capacidade de fixar nitrogénio no solo, ajudando as bactérias a reduzir os gases com efeito de estufa e aumentando a produtividade e saúde desses mesmos solos. Além disso, Wunda é neutra em carbono e está certificada pela Carbon Trust.

Nestum Mel apoia a apicultura nacional

A Nestlé, através da sua marca Nestum, desenvolveu uma campanha de apoio à apicultura nacional que consistiu na doação, em maio, de 400 colmeias a apicultores das duas principais federações apícolas nacionais: Fenapicola e FNAP, no âmbito da campanha 'Juntos Pelas Abelhas'. O principal objetivo é o repovoamento, com novas abelhas, dos territórios afetados pelos incêndios florestais e a sensibilização para os cuidados a ter com este inseto, de importância fulcral para a biodiversidade. Estes 400 novos núcleos de abelhas-rainha, uma vez colocados no seu habitat natural e tendo alimento em abundância, terão a capacidade de se reproduzir, dando origem a novas colmeias num curto espaço de tempo.

Um centro de pesquisa mundial dedicado às embalagens

O desenvolvimento de novos materiais de embalagem, mais amigos do ambiente, tem sido impulsionado pelo Nestlé Institute of Packaging Sciences, o primeiro centro de pesquisa totalmente dedicado às embalagens em toda a indústria alimentar.

Inaugurado em setembro de 2019 e localizado em Lausanne, Suíça, este instituto tem cerca de 50 cientistas que conduzem pesquisas sobre embalagens de ponta para garantir a segurança e a aplicabilidade de novos materiais.

Muitas destas inovações estão já presentes em casa dos consumidores, em Portugal e um pouco por todo o mundo.

Sical: embalagens mais informativas e com foco na sustentabilidade do café

A marca de cafés portuguesa Sical anunciou recentemente uma nova e renovada imagem para as embalagens de café torrado moído e café em grão.

As embalagens estão mais modernas, intuitivas e com mais informação, permitindo um maior conhecimento sobre os vários tipos de café, as diferentes origens e métodos de preparação.

Redesenhadas a pensar em todos, a nova imagem das embalagens de Sical pretende destacar-se da concorrência, mantendo-se em linha com as marcas especialistas premium em todo o mundo. Uma das diferenças mais evidentes é o selo informativo presente na frente e no verso da nova embalagem, onde é possível ler toda a informação sobre a composição de cada blend – algo nunca feito noutras embalagens.

As embalagens salientam ainda o selo de cultivo sustentável, que garante que o café é certificado pela 4C - Associação do Código Comum para a Comunidade do Café, uma entidade independente que assegura que os grãos de café respeitam determinados critérios de sustentabilidade. Desta forma, é possível rastrear os grãos de café e respetivos produtores, permitindo maior envolvência com as comunidades.

“O café Sical forma parte de um projeto de criação de valor para agricultores, comunidades e planeta, apoiando-os nos seus projetos de melhoria de processos. Projeto esse que procura ainda desenvolver condições para que a agricultura seja uma atividade economicamente atrativa para as atuais e futuras gerações de produtores de café”, refere Teresa Roseta, Marketing Manager de Cafés Nestlé Retalho.

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