BF3 - iAlimentar

ENTREVISTA Tal como aconteceu na história em vários momentos, mudou a perceção dos vários atores quanto à maior probabilidade de ocorrer o improvável. Fruto da situação pandémica há alterações de comportamento por todos. Desde logo, nos diferentes impulsos de compra e venda, quanto ao tempo e espaço onde os mesmos ocorrem 32 fatores-chave como a confiança. Esta consciencialização teve como agilizador o normativo legal clarificando o que é obrigatório constar na rotulagem com estímulos para reformular os produtos através da criação de perfis nutricionais que restrinjam a promoção (através de alegações nutricionais ou de saúde) de alimentos com elevado teor de gordura, açúcar e sal. A defesa e proteção intransigente dos direitos dos consumidores tem sido acompanhada por todos, destacando-se a indústria enquanto parte interessada neste processo. Tem que bastar ler os rótulos, para permitir que as escolhas – de preferência saudáveis e sustentáveis - sejam baseadas em informação disponível na respetiva rotulagem. Crê que a literacia dos portuguesesmelhorou ou ainda há muito trabalho a fazer? De que forma poderemos aumentar o conhecimento dos portugueses no sentido de saberem interpretar o que consta nos rótulos? A literacia alimentar está melhor, mas carece de caminho a fazer na formação e disponibilização de informação clara e concisa. Desde logo, os dados do desperdício alimentar denunciam esta necessidade por via da maior tranche ocorrer nas nossas casas. Daí que continuar a capacitar os consumidores para distinguir por exemplo a data-limite de consumo da data de durabilidade mínima é muito importante. A data de durabilidade mínima é a data até à qual se considera que os géneros alimentícios conservam as suas propriedades específicas nas condições de conservação recomendadas no rótulo. Deve ser precedida das menções: • consumir de preferência antes de… (quando a data indica o dia); consumir de preferência antes do fim de… (nos outros casos). • A data-limite de consumo é a data a partir da qual não se pode garantir que os géneros alimentícios perecíveis (em termos microbiológicos) estejam em condições de consumo seguro. Deve ser antecedida da menção: consumir até… O que dizer de iniciativas como 'Do prato ao prado'? São importantes? Estão a dar resultado? Sem dúvida que são fundamentais e de metas ambiciosas. No mundo hodierno não basta que os alimentos sejam seguros, nutritivos e saudáveis. Acima de tudo, têm que ser sustentáveis. É o que visa esta estratégia europeia F2F a par do PEE e do PAEC. Criar um sistema alimentar saudável e totalmente sustentável combatendo o desperdício, reduzindo drasticamente o uso de pesticidas acautelando a fertilidade dos solos com promoção da agricultura em modo de produção biológico. Incorpora assim o espírito 'One Health' com salvaguarda da segurança alimentar, da proteção das pessoas e do ambiente, cuja drive é uma transição verde e digital fundada em I&D numa abordagem holística e glocal. Em relação a potenciais riscos, nomeadamente a comunicação dos mesmos, e no âmbito da EFSA, como tem sido a sua relação com as entidades nacionais e o impacto nomercado português? O que ainda falta fazer? Há sempre lugar a fazer mais e melhor. Contudo, sabemos que as relações se constroem e devemos ter uma perspetiva positiva sobre o que vamos alcançando. O caminho faz-se caminhando. A EFSA desenvolve a avaliação científica dos riscos alimentares enquanto campo especializado da ciência aplicada, o que envolve a revisão de dados científicos e estudos para avaliar os riscos asso-

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