13 BEBIDAS EM PORTUGAL Bebidas: tendências, obstáculos e novos hábitos O mercado das bebidas em Portugal tem-se adaptado às mudanças e à volatilidade das tendências dos consumidores. Neste dossier, fomos perceber como a pandemia impactou este setor, de que forma as novas exigências – redução de açúcar, sustentabilidade na produção e ofertas mais saudáveis – estão a moldar as empresas. Mas também auscultamos os profissionais do setor e os obstáculos que se colocam ao desenvolvimento e à inovação. Da Europa aos Estados Unidos, os consumidores são muitos e variados, exigindo a cadamercado necessidades e ofertas diferentes. Segundo a Forbes, a pandemia de Covid-19 obrigou este mercado a desenvolver-se de forma mais rápida para oferecer aquilo que as pessoas querem: produtos de qualidade, opções mais saudáveis, com menos calorias, orgânicas, biodinâmicas, práticas e saborosas. Fomos saber em que ponto estamos no que ao mercado nacional diz respeito, nomeadamente no setor cervejeiro e nas bebidas refrescantes não alcoólicas. A ‘ESPUMA DOS DIAS’ DO SETOR CERVEJEIRO NACIONAL O setor cervejeiro nacional é, desde sempre, uma fileira no nosso País que contribui para a economia nacional e para a geração de emprego. “Somos o país da UE que possui maior consumo fora de casa (quase 70%), impactando fortemente os negócios no setor dos cafés, restaurantes e bares. É, pois, natural, que nos anos pandémicos, o setor tenha atravessado graves dificuldades com o encerramento da restauração, com o cancelamento de festivais e feiras de cervejas e a retração do consumo fora de casa pelos portugueses levou a quebra de vendas entre 30 e 70%”, começa por relembrar Francisco Gírio, Secretário-Geral dos Cervejeiros de Portugal. E quando o setor procurava recuperar dos anos 2020 e 2021, a guerra na Ucrânia e o aumento das matérias- -primas (cevada, milho), da energia, das embalagens em geral, e do vidro emparticular, “colocamnovos desafios de sustentabilidade para os produtores de cerveja em geral”, desde os artesanais aos industriais. Guerra e inflação na Europa são atualmente a 'espuma dos dias' da economia em geral e deste setor. “É neste contexto de fragilidade social e económica da cerveja, que o Governo, incompreensivelmente, decide propor no OE 2023 um aumento de 4% nos impostos especiais de consumo da cerveja (IEC/IABA), e mantendo à taxa zero este mesmo imposto sobre o consumo de vinho. Não existe racionalidade económica, social ou ambiental para esta discriminação entre cerveja e vinho”, afirma o responsável, sublinhando que os Cervejeiros de Portugal reclamam a anulação, em sede de discussão na especialidade, deste aumento do IEC/IABA sobre a cerveja. “Só assim se pode evitar o agravamento em 2023 da diferenciação fiscal entre estas duas bebidas fermentadas que os portugueses tanto apreciam”, alerta Francisco Gírio. Para o responsável, os produtores de cerveja “não aguentam mais este Ana Clara
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