50 ESPECIALISTA EM... A indústria reorganiza-se segundo a economia circular, promovendo cadeias de abastecimento curtas, minimizando desperdícios e reintegrando nutrientes. Esta transformação requer investimento contínuo em investigação para soluções eficientes e viáveis, tornando a indústria mais resiliente Como as alterações climáticas estão a mudar a indústria alimentar? As alterações climáticas impõem desafios que obrigam a indústria alimentar a inovar, apostar na sustentabilidade e gerir melhor os recursos. A instabilidade agrícola e a procura por matérias-primas levam à valorização de coprodutos antes descartados, transformando-os em ingredientes funcionais para alimentos mais saudáveis ou em fertilizantes que promovem a regeneração do solo. Este ciclo une inovação industrial e sustentabilidade agrícola, reforçando a resiliência dos sistemas alimentares. A biotecnologia é essencial, com técnicas como fermentação, extração enzimática e uso de tecnologias limpas que maximizam a valorização dos recursos, diminuindo a dependência de matérias-primas convencionais. Esta abordagem satisfaz a procura crescente por produtos mais naturais e transparentes, sem aditivos artificiais. A indústria reorganiza-se segundo a economia circular, promovendo cadeias de abastecimento curtas, minimizando desperdícios e reintegrando nutrientes. Esta transformação requer investimento contínuo em investigação para soluções eficientes e viáveis, tornando a Como está o clima a mudar a forma como nos alimentamos e o que podemos fazer sobre isso? As alterações climáticas deixaram de ser uma ameaça distante e já influenciam o nosso dia a dia, alterando o que comemos e como comemos. Fenómenos como secas, cheias e ondas de calor afetam a agricultura, diminuindo a quantidade e qualidade dos alimentos, e tornando alguns produtos escassos ou indisponíveis, o que modifica os nossos hábitos alimentares. Face a este desafio, todo o sistema alimentar está a ser repensado. O modelo agrícola intensivo, que consome muitos recursos naturais e prejudica a biodiversidade, está a dar lugar a práticas que produzem mais com menos, reduzindo desperdícios e valorizando subprodutos. Há também um esforço para regenerar os solos, através da rotação de culturas, adubos naturais e promoção da biodiversidade, aumentando a resiliência agrícola. Esta mudança exige uma visão integrada de toda a cadeia alimentar e cooperação entre os setores agroalimentar, ambiental, económico e da saúde. Cada pessoa pode contribuir, evitando desperdícios e preferindo produtos locais e sazonais. Repensar a relação com a comida é vital para proteger o planeta e garantir alimentos suficientes, acessíveis e sustentáveis. Manuela Pintado Licenciou-se em Ciências Farmacêuticas pela Universidade do Porto e doutorou-se em Biotecnologia pela Universidade Católica Portuguesa Diretora do Centro de Biotecnologia e Química Fina da Escola Superior de Biotecnologia, da Universidade Católica Portuguesa. Alterações climáticas Alexandra Costa
RkJQdWJsaXNoZXIy Njg1MjYx