A procura de soluções sustentáveis e o compromisso na melhoria contínua dos procedimentos que conduzam a uma produção animal responsável, perseguindo a melhoria de desempenho no que respeita à responsabilidade social, ao meio ambiente, à segurança alimentar e ao bem-estar animal, com ganhos na eficiência e competitividade da exploração foi o objetivo que levou a empresa Valorgado a adotar medidas que visam a poupança, retenção e reaproveitamento da água para reutilização na exploração.
Numa altura em que o país atravessa um período de seca extrema, o projeto foi distinguido como exemplo de uma entre muitas boas práticas que o setor da suinicultura tem vindo a adotar no âmbito da promoção da economia circular, da racionalização de recursos e do combate às alterações climáticas.
Foram construídas na exploração três charcas coletoras das águas pluviais recolhidas pelas coberturas dos edifícios da exploração, captando ainda as águas residuais resultantes de escorrimentos do solo envolvente. A partir destas charcas foi introduzido um sistema de bombagem e canalização com vista e utilizar a água na lavagem e limpeza da exploração.
Para além da economia de recursos, a exploração estima ter uma poupança económica na ordem dos 5.000€ por ano em energia que poupa abdicando do anterior sistema de captação de água do subsolo.
A escassez de água tem sido uma preocupação crescente do setor da suinicultura que, nos últimos anos, tem introduzido alterações no sentido de diminuir o consumo deste recurso cada vez mais finito. A otimização genética e a adoção de sistemas que possibilitam uma utilização mais eficiente da água, como as lavagens dos pavilhões com máquina de pressão negativa, possibilitaram uma grande redução de água nos últimos anos, o que resulta que, em termos médios, um suíno na fase de engorda consuma cerca de 700 litros de água, ou seja, 6 litros por dia, o equivalente a metade de uma descarga de autoclismo.
Por outro lado, a decantação de efluentes pecuários através da utilização de múltiplas lagoas de armazenamento de efluentes, possibilita a reutilização da água da última lagoa na primeira lavagem dos pavilhões.
A tecnologia e o design dos bebedouros também têm vindo a ser melhorados no sentido de os animais gastarem somente a água que consomem, diminuindo o desperdício.
São avaliados a criatividade dos projetos a concurso, a resposta a uma ou várias necessidades setoriais, a aplicabilidade e replicação noutras explorações e o benefício do projeto sobre os resultados económicos das explorações.
Vítor Menino, administrador da Valorgado, realça a importância deste Prémio referindo que “a Valorgado tem implementado nas suas explorações iniciativas que vão ao encontro dos conceitos da economia circular. Procuramos continuamente soluções que tornem o nosso método de produção mais sustentável”.
Para além de suínos, a Herdade do Pessegueiro produz ainda bovinos e forragens, tendo instalado um sistema de bombagem sobre boiador em lagoa de efluentes, com sistema de filtragem de sólidos e injeção a 30% do efluente em dois pivots, para fertirrigação de prados permanentes destinados a pastoreio de bovinos.
Vítor Menino assinala as vantagens produtivas e económicas da utilização de um recurso mineral muitas vezes erradamente entendido como um resíduo: “Aumentamos a produção de forragem da propriedade significativamente, o que nos permitiu produzir em pastoreio direto mais 80 vitelos por ano. Reduzimos a utilização de adubos sintéticos, de mão de obra, de maquinaria, assim como o consumo de combustível de forma significativa. Estimamos um ganho anual a rondar os 20.000 euros.”
Para além de projetos na área da recuperação hídrica, a Herdade do Pessegueiro fez investimentos na área energética. A Herdade apostou recentemente na instalação de painéis para a produção de energia elétrica a partir de tecnologia fotovoltaica.
“Este investimento permitiu reduzir o consumo energético da exploração em 25%, correspondente a 15.000 euros por ano. Com este projeto evitamos ainda emitir para o ambiente 35 toneladas de CO2 por ano, um ganho que consideramos bastante relevante.”, refere Vítor Menino.
A suinicultura tem vindo a racionalizar o consumo de energia, economizando e melhorando a eficiência energética das explorações. É aliás, um setor de referência internacional na investigação energética.
Em Portugal, existem várias explorações de suínos que já operam com energias renováveis, como a solar térmica e fotovoltaica, que permitem reduzir o impacto ambiental, nomeadamente os níveis de metano e o CO2 produzido e também sistemas de monitorização automática permanente de gases que permitem otimizar a ventilação nas instalações, reduzindo assim o investimento em ventilação forçada, sendo privilegiados os sistemas de ventilação natural.
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