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Comparativamente a 2019, o setor apresentou uma queda de 7,2% no valor de volume de cerveja produzida relativamente ao período homólogo

Setor cervejeiro é mais produtivo, qualificado e melhor remunerado do que a média nacional

14/09/2021
Estudo da Universidade Nova SBE avalia os impactos macroeconómicos do setor cervejeiro e o contributo direto e indireto de toda a fileira.
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Cerca de 1,5% do PIB (2.602 milhões de euros) têm origem no setor cervejeiro, que emprega, direta e indiretamente, mais de 50 mil pessoas. Por cada 1 euro investido nos cervejeiros portugueses a economia nacional é beneficiada em 2,48 euros. Existem em Portugal 100 cervejeiras, dispersas por 74 localidades de 22 concelhos.

Na última década, 2019 representa o marco histórico da indústria da cerveja em Portugal, pois foi o ano com o maior volume de produção desde 2014, atingindo os 710 milhões de litros, e o maior volume de consumo doméstico desde 2010, registando o pico de 550 milhões de litros de cerveja.

Responsável por 51.739 empregos diretos e indiretos - 1,69% dos empregos gerados e/ ou mantidos em Portugal, quase o dobro de empregos nas indústrias às quais compra face aos que gera no próprio setor -, facto é que, no ano que precedeu a atual pandemia, o setor revelou-se altamente produtivo, atribuindo cerca de 2.602 milhões de euros em valor acrescentado para a economia portuguesa, 1,53% do PIB nacional.

Em termos de rendimento de trabalho, a fileira da cerveja impactou a economia com 821 milhões de euros, representando 1,22% do rendimento total nacional. Cada colaborador do setor contribuiu, nesse ano, com cerca de 112.633 €, 1,5 vezes mais do contributo médio de um trabalhador do setor das bebidas e 2 vezes mais do valor estimado para um trabalhador na economia portuguesa, levando à conclusão que se Portugal fosse tão produtivo quanto o sector cervejeiro, teríamos o nível de desenvolvimento dos EUA.
Atualmente composto por cerca de 100 empresas produtoras – das quais 96 são microcervejeiras - sediadas em 74 localidades, ao longo de 22 concelhos de Portugal, os cervejeiros nacionais são responsáveis, no que respeita ao setor das bebidas, por cerca de 18% da produção total e por 30,5% do valor acrescentado no país. Mas a maior fatia percentual incide no rendimento do trabalho pois, se o setor das bebidas em Portugal gera um rendimento na ordem dos 232 milhões de euros, 39,7% respeita à fileira da cerveja, também responsável por 20,1% dos empregos totais gerados no setor das bebidas.

A nível das exportações, o setor tem uma participação menor no setor das bebidas do que noutras variáveis, com um peso de 9,9%. No entanto, importa notar que o peso das importações de insumos é ainda menor que o das exportações, ficando em 9,1%, o que reflete a forte ligação da indústria cervejeira à economia nacional através de compras de insumos e bens intermédios. O setor apresenta, por isso, elevados fluxos para outros setores nacionais, e poucos fluxos de pagamentos para fora do País.

Remuneração, qualificação e estabilidade do emprego acima da média

Em matéria de caraterização de emprego, o setor cervejeiro apresenta valores acima da média em termos de qualificação e remuneração nos seus 2.615 empregos diretos. Mais de metade (53,9%) recebem um salário bruto anual entre 10.000 euros e 20.000 euros, um valor superior ao do setor das bebidas (36,6%) e da economia portuguesa (25,5%).

O setor cervejeiro é mais qualificado do que a média nacional e 26,33% dos trabalhadores com Licenciatura, 58,2% com Mestrados e 33,3% dos Doutorados de todo o setor das bebidas trabalham nos cervejeiros em Portugal. Para além destes dados, o setor assegura uma maior segurança e estabilidade no trabalho, contando com uma maior percentagem de contratos sem termo (78%) comparativamente ao setor das bebidas (77%) e ao resto da economia (64%).

Durante este estudo, foi calculado o índice de Rasmussen-Hirschman, que tem por objetivo identificar setores que, ao serem estimulados, impactam outros setores da economia a partir das suas relações de compra e venda. Quando acima da escala de 1, o índice indica que o setor em análise é chave para o crescimento da economia, tendo sido atribuído ao setor cervejeiro o índice de 1,075 que indica os seus efeitos multiplicadores justificativos da sua manutenção e expansão enquanto setor, mantendo-se imprescindível para o crescimento económico português.

Na análise liderada pela Nova SBE, conclui-se ainda que 1 euro gasto no setor cervejeiro gera entre 1,72 - 2,48 euros de produção total na economia portuguesa e 1euro ganho de rendimento do trabalho do setor, origina entre 1,78-2,24 euros de rendimento de trabalho. Já 1 euro de valor acrescentado no Setor Cervejeiro cria entre 1,59 euros - 2,46 euros de valor acrescentado na economia, levando a concluir que a fileira da cerveja é mais produtiva do que a média nacional e do que o sector das bebidas.

O que é facto é que o setor integra uma cadeia de valor que vai da produção de matérias primas à venda do produto. O valor acrescentado em toda a cadeia da atividade cervejeira impacta inúmeros setores, nomeadamente os Serviços de Transporte terrestre e por condutas (18,9 milhões de euros), serviços administrativos e de apoio prestados às empresas (15,4 milhões de euros), Serviços de publicidade e estudos de mercado (14,7 milhões de euros), entre outros.

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Um enquadramento fiscal penalizador

A nível fiscal, o setor é dos mais penalizados. Sendo um setor que contribui de forma positiva para a economia nacional, por outro lado, está sujeito ao pagamento do IEC, ao contrário do setor vinícola, e com uma taxa de IVA de 23%, ao contrário dos 13% do setor vinícola. Com base nas estimativas de elasticidade preço da procura da cerveja da literatura, que vão dos -0,2 aos -0,4, conclui-se que a perda de bem-estar para a sociedade devido ao IEC pode chegar até aos 880 mil euros por ano.

Por sua vez, o valor adicional de IVA de 10 pontos percentuais, quando comparado ao setor do vinho, gera uma perda para a sociedade portuguesa até aos 5,964 milhões de euros. Assim, e de acordo com os dados aferidos, o estudo conclui que não existe um racional de eficiência fiscal para que a cerveja tenha um tratamento fiscal agravado relativamente ao setor vinícola.

O papel social da cerveja

O valor criado pelo setor cervejeiro nacional vai muito além do valor criado pelas suas atividades primárias: a produção de cerveja.

Na cultura, na educação e no desporto, o setor tem-se destacado pela positiva. Patrocínios, bolsas de apoio e patronagem representaram cerca de 26,6 milhões de euros em 2019. Apesar da crise pandémica da Covid-19, esta contribuição não parou, continuando a ser desenvolvidas várias iniciativas que representaram cerca de 24,5 milhões de euros em 2020.

Destas iniciativas podem destacar-se o apoio aos setores afetados, como o da restauração, e o apoio a profissionais da linha da frente, no que toca ao combate à pandemia.

Outro ponto a destacar é o foco na sustentabilidade e inovação. Entre mais de 15 diligências em torno destes dois eixos das cervejeiras nacionais, destaca-se a descarbonização da produção, a redução de emissões de CO2 ao longo de toda a cadeia de valor, a aposta de energias renováveis e a inovação permanente em embalagens mais sustentáveis. Neste plano de sustentabilidade, incluem-se, não só, as melhores práticas ambientais, como sociais, onde constam iniciativas de responsabilidade social, de igualdade de género e prevenção, quer dos colaboradores, quer no que respeita ao consumo de bebidas alcoólicas, tendo o setor vindo a apostar também no segmento de baixo ou inexistente teor de álcool.

O efeito da pandemia em 2020

Comparativamente a 2019, o setor apresentou uma queda de 7,2% no valor de volume de cerveja produzida relativamente ao período homólogo. Esta queda teve como principal responsável a crise pandémica provocada pela Covid-19 e as medidas de controlo da pandemia, como o fecho de todos os estabelecimentos do canal HoReCa. O consumo interno de cerveja, em Portugal, registou também uma queda em 2020, em cerca de 14,4%.

A cerveja é a quinta bebida mais consumida no mundo a seguir ao chá, água engarrafada, leite e refrigerantes gaseificados, sendo a mais consumida entre as bebidas alcoólicas e também uma das mais antigas.

Ficha Técnica

Estudo da NOVA SBE a pedido e em colaboração com a APCV – Associação Cervejeiros de Portugal.

Equipa: João Bernardo Duarte e Pedro Brinca

O relatório conta, sempre que possível, com a evolução temporal dos principais indicadores do Setor, tendo em conta dados fornecidos pelos associados da Cervejeiros de Portugal, bem como dados referentes ao contexto europeu do setor, disponibilizados pela associação europeia The Brewers of Europe.

Os dados utilizados no âmbito do presente estudo dizem respeito ao período temporal entre 2010 e 2020, tendo sido dedicada atenção aos choques verificados resultantes da crise pandémica da Covid-19.

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